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Mostrando postagens de março, 2024

Opressor oprimido

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O meme dos jornais que fazem as pessoas odiarem os oprimidos e amarem os opressores envelheceu mal, especialmente porque ninguém mais lê jornais hoje em dia. Tecnicamente falando, nada envelhece bem, portanto a única coisa que esse meme poderia fazer é envelhecer mal. Conforme já denunciou Woody Allen, essa história de que melhoramos com a idade é fake news. Com os anos a decadência física e intelectual é inevitável e irreversível. Tudo fica progressivamente mais lento e, após uma quantidade razoável de anos, até se divertir dá trabalho. A única vantagem que a velhice nos traz é saber que hoje não é tão ruim porque amanhã vai ser pior. Bastante opressor. O meme envelheceu mal porquê, de acordo com a teoria interseccional moderna, somos todos ao mesmo tempo opressores e oprimidos. A menos que você seja um homem branco hetero economicamente incluído, jovem, físico padrão passa rodo nas oprimidas, livre de doenças, deficiências ou quaisquer outras carências, você está oprimindo alguém pel

Você não pode usar este recurso no momento

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"Você não pode usar esse recurso no momento para proteger a comunidade contra spam" é a nova estratégia do Facebook para bloquear você quando não há nenhuma violação dos termos de uso que possa ser usada como desculpa para tal. Nesse estado de suspensão Kafkiana temporária no qual você é culpado de algo que não é possível saber o que é, você é autorizado a postar comentário nas publicações das páginas, mas não pode responder a comentários feitos por outros usuários para interagir com eles.   Já recebi esse block várias vezes, e é visível que frequência de postagens não têm  relação alguma com a ativação do block, critério esperado para identificar tentativa de spam e atividade de bots. Posso exibir a atividade que eu quiser na frequência que eu quiser em qualquer página ou perfil livremente, mas basta alguns posts com opiniões específicas em um segmento específico de páginas para acionar o zuck. Como dizia o velho deitado, descubra quem te bloqueia e você saberá quem te contr

Put a chick in it!

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  Os poderes premonitórios de South Park, concorrente dos visionários Simpsons, são largamente reconhecidos, então já era esperado que o episódio do "put a chick in it, make her lame and gay" criado para zoar com a Disney era o escolhido, aquele nascido para cumprir a profecia e restaurar o equilíbrio da Força.  A nova série Wokeolyte da franquia Star Hers tem contagem de woke-chlorians fora da curva, já que o índice diversotário de inclusividade do trailer no YouTube é o máximo autorizado pelos órgãos reguladores: nenhum homem branco hetero à vista. O elenco principal é inteiramente formado por chicks empoderadas, e a história gira em torno de uma vilã do bem, que por acaso é uma mulher negra queer que terá um affair lésbico na história para provar que mulheres não dependem de macho pra nada. A equipe  do South Park está de parabéns. Índice de precisão de 178,59%. Vilões do bem parecem ser o trend do momento em Hollywoke para fabricar narrativas moralmente ambíguas onde o vi

Magneto Freire

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Há aqueles que dizem que não se importam com lacração em filmes, pois se a história é boa, é possível relevar. Isso não é bem verdade. Para assistir a filmes ou animações de ficção é necessário o que chamamos de suspensão de descrença. Quando naves espaciais fazem barulho no espaço, por exemplo, você precisa fingir que não sabe que o som não se propaga no vácuo e passar pano para aquele furo, do contrário a sensação de escapismo que buscamos na fantasia se estraga e o encanto se quebra.  É necessário também suspensão de inteligência, já que por vezes as falas são burras, então você tem que fingir que é asno para não arruinar a fita. É o que você tem que fazer, por exemplo, para assistir Barbie. Fingi ser um jumento com QI de ameba durante o filme e me diverti bastante. Se você não precisou fingir que é burro para se divertir vendo filme de boneca patriarcal feminista, não vou tentar explicar o que aconteceu de errado porque você não vai conseguir entender.  Evidente que para tudo há li

Comissão da Mulher de Macho

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  Depois que homens resolveram invadir os esportes, os banheiros e os presídios femininos, chegou a vez de invadir as comissões de mulheres. De acordo com o periódico¹ Mija em Ninja, a câmara de São Paulo conseguiu a façanha de montar uma Comissão da Mulher de Macho, inteiramente composta por parlamentares com penes. Afinal, assunto de mulher também é coisa de homem, o que prova que eles estão em perfeitas condições de desconstruir seu machismo e declarar com orgulho que vão assumir o papel de mulher da casa. Ui, que delícia! O evento é uma grande conquista para a mulher, já que os indivíduos mais capacitados para garantir direitos de mulheres são homens, coisa que não é reconhecida por puro preconceito e desinformação. Para os desmemoriados, lembro que o privilégio de poder votar sem precisar servir ao Exército foi garantido por parlamentos 100% masculinos, fenômeno padrão ao redor do mundo.  Adicionalmente, podemos mencionar que 100% dos direitos da mulher foram conquistados em parla

Cultura da Meleca

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  É característico da cultura woke a ideia de que não existe cultura woke. Tudo não passa de uma teoria da conspiração de incels misóginos homoeróticos com masculinidade frágil. De certa forma, isso é compreensível, já que é difícil para alguém que nasceu imerso em uma mundo pós-agenda entender que aquilo que ele acha natural é na realidade uma fabricação da agenda cultural.  Um indivíduo que nasce em um mundo em que há a cultura de tirar meleca do nariz e comer, por exemplo, tem resistência em aceitar que aquilo foi socialmente orquestrado. Comer meleca do nariz, para o comedor de meleca, é só uma coisa normal que todo mundo faz, não um hábito programado no cérebro do comedor de meleca pela mídia porca e melequeira. A analogia do comedor de meleca com o lacrador woke termina por aqui, pois o lacrador não é um comedor de meleca comum. Lacrador é o indivíduo que se acha original e revolucionário porque inventou a cultura de comer meleca, mas diz que isso é teoria da conspiração porque a

Os Machos Mutantes

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Com o processo de desconstrução woke dos X-Men, a discussão sobre o nome do grupo, que nunca morreu, não só continua viva¹ como foi ressuscitada. Se a equipe tem integrantes mulheres, não pode se chamar X-Men, pois isso é muito 1960. O rumor, portanto, é que o título da franquia será trocado para The Mutants em breve. A iniciativa não resolve muita coisa, pois Os Mutantes vão continuar sendo homens em vários idiomas, mas como isso não é problema meu, só pode ser seu. O novo nome pavimenta o terreno para uma equipe de mutantes com diversidade de gênero, ou seja, sem nenhum homem, pois escuramente não podemos ter uma equipe de X-Men só com mulheres. Yes we can. Inclusive já tivemos uma equipe all-female² de X-Men em 2013 e ninguém achou aquilo estranho. Estranho seria se alguém tivesse estranhado, pois a cultura woke só iria emplacar seu processo de imbecilização coletiva em meados de 2015.  Essa ideia de que uma equipe de homens composta por mulheres é algo estranho é o tipo de coisa es

Abortadas pelo Destino

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Na tentativa de desmentir a lenda urbana de que mulheres alguma vez precisaram esconder sua identidade para vender livros, citei Frankenstein de Mary Shelley. O exemplo foi infeliz, pois a primeira edição do livro foi publicada anonimamente em 1818, embora o nome de Shelley tenha sido associado à obra logo na segunda edição, em 1823.  Há outras escritoras contemporâneas de Shelley que fornecem evidência de que essa lenda urbana é fake news, como Jane Austen, Elizabeth Gaskell, Edith Wharton (prêmio Pulitzer e doutora honoris causa pela Yale University) e Emily Dickinson, mas a narrativa da escritora oprimida é problemática por várias outras razões. Publicar anonimamente ou com pseudônimo, por exemplo, era prática comum também para homens. Ainda no século 19, Jane Austen iniciou sua carreira publicando anonimamente sob a alcunha de "By a Lady", e a poetisa Christina Rossetti publicou usando o pseudônimo de Ellen Alleyne.  Isso me lembra aquela piada do indivíduo que, cansado d

H.P. e a P.F

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  O meme de que alguém deixa de comprar livro por que o autor é mulher é avô do fake news de que alguém deixa de ver filme por causa de protagonismo feminino. Não é preciso muitos neurônios, portanto, para concluir que a história de que J.K. Rowling precisou esconder que era mulher para conseguir vender livro é falsa.  Cada vez que alguém inventa essas lorotas literárias, M.W. Shelley, autora do clássico romance Frankenstein, se revira no túmulo. Embora eu tenha abreviado seu nome, Shelley nunca precisou fazê-lo para vender livros. J.R.R. Tolkien, H.G. Wells, T.S. Eliot e H.P. Lovecraft também não, mas isso não vem ao caso. O caso é que Rowling já revelou que a razão¹ pela qual abreviou seu nome foi a paranoia causada pelo fim de seu conturbado casamento. É verdade, entretanto, que os editores estavam pensando em abreviar seu nome. Ironicamente, a razão é precisamente a inversa da sugerida no meme do J.K. Lorota em circulação, já que a abreviação foi sugerida porque os editores acredit

Metade são os filhos

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  "Metade do mundo são mulheres. A outra metade, os filhos delas." - Efu Nyaki A frase de Efu Nyaki virou meme, e o vi por aí circulando no dia das mulheres só para zoar com as meninas. Confesso que adoro zoar mulheres também, pois penso que a única coisa mais divertida do que zoar mulheres é zoar homens. Isso é uma coisa meio machista, mas enfim, estou tentando me curar. Meu objetivo é construir um mundo igualitário onde o prazer de zoar os outros seja igual para todos os 72 gêneros. Efu Nyaki, como qualquer outra pessoa, merece o que chamamos na filosofia de princípio da caridade. O princípio diz que, de todas as interpretações disponíveis para um enunciado, devemos escolher aquela que coloca o autor sob a melhor luz possível. A desastrada frase parece sugerir que mulheres nasceram de um pé de beterraba, mas não precisamos entendê-la dessa forma. Ora, se metade do mundo são mulheres, a outra metade são homens. Como todo humano que veio ao mundo foi parido por uma mulher, se

X-Men 1963

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A nova moda na lacrolândia é dizer que não é possível reclamar de lacração em X-Men porque X-Men já era woke quando surgiu em 1963. Nada que esteja menos certo pode estar mais errado, já que poucas coisas no universo são mais anti-woke do que X-Men. Xavier é escuramente inspirado em Martin Luther King, famoso defensor do conceito de color blindness, que em inglês significa daltonismo, a incapacidade de enxergar certas cores. Color blindness é a ideia de que cor de pele é irrelevante para julgar um indivíduo, portanto uma sociedade livre de racismo é aquela em que indivíduos não enxergam cor. O conceito foi incessantemente martelado na cultura no milênio passado, e X-Men é um dos múltiplos artefatos midiáticos em que podemos observar essa ideia anti-racista sendo transmitida.  O problema é que cultura woke considera color blindness racismo, e prega o conceito de color awareness (consciência de cor), que literalmente quer dizer que devemos julgar os indivíduos com base na cor de pele. Af