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Mostrando postagens de fevereiro, 2023

Etimologia do Lacre

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  Lacração é gíria que uso por falta de alternativas, já que a palavra está tão deformada pelo uso corrente na cultura que já não significa coisa alguma. O vocábulo foi na realidade engolido pelo vórtice político-ideológico do tudismo cultural, e serve hoje, quando muito, para sinalizar conformidade tribal na polarizosfera.  Em outras palavras, quando algo que o polarizominion não entende nem faz questão de entender se assemelha ainda que remotamente a algo que não deveria pertencer à sua bolha ideológica, aí é lacre. Não, não é, querido, já que tudo que eu não gosto é lacração é Tiburismo reverso, o outro lado da moeda da luta contra o turbotecnomachonazifascismo. Definitivamente não é minha intenção ao usar essa ou qualquer outra palavra, já que meu objetivo último ao apontar, criticar ou zoar alguma coisa é, e sempre foi, o de escurecer, jamais esclarecer. Lacrei?  Pensando no dilema do arrombamento semântico desse colóquio, ou por que não dizer, colácrio, resolvi fazer um breve est

Coswoke X Cosplay

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 Lacradores e lacradores reversos já estão competindo nas redes sociais para decidir quem passa mais vergonha falando asneira sobre a nova Supergirl. Há vários por aí inclusive afirmando que ela é woke porque criaram uma versão masculina do Superman para lacrar. Páreo duríssimo, então está difícil saber quem vai levar o troféu Jumento Digital do Millennium essa semana.  Incialmente devemos observar que não é possível não gostar da nova Supergirl sem ser acusado de algum ismo. Sendo o caso, podemos usar meu método Lacre for Dummies para saber com segurança que lacrou sem nem mesmo olhar o trailer ou analisar qualquer outro dado adicional. Isso coloca uma pá de sal no assunto, mas como meu objetivo sempre foi empanar com cal, tentarei adicionar a essa discussão o que falta nas discussões do mundo moderno: nuance.  Nuance é como ereção meia-bomba. Está duro e não está, adianta e não adianta, brochou e não brochou, mas como nem toda pessoa é portadora de penes como eu, tentarei explicar nu

A Fantasia do Zezé

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  O Carnaval está chegando, e esse ano, novamente, a fantasia da moda é a de jumento. Sua popularidade é compreensível, visto que ela está alinhada com os valores e anseios intelectuais da cultura vigente, que incentiva as pessoas a repetir discursos que somente um asno falante seria capaz de reproduzir com fim de sinalizar virtude e conformidade tribal. A tendência é problemática, pois fabrica vários dilemas filosóficos politicamente incorretos a serem solucionados. Seria o indivíduo desfilando no bloco dos jegues um jumento de fato ou estaria ele apenas fantasiado? Fantasiar-se de jumento é metafisicamente possível para um jumento ou só o que ele consegue com uma fantasia de jumento é ser tão jumento quanto um jumento sem fantasia? Pessoas que não são jumentos fantasiadas de jumento ofendem as diversas identidades e existências jumentas? Indivíduos que entendem que fantasia de jumento ofende as identidades e existências jumentas estariam defendendo seus próprios direitos ou os de ter

P00lt@, Peeraña e Gaboond@

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  Há muito já passou a época de cancelar a ideia de que palavras como p00lt@, peeraña e gaboond@¹ são ofensas. Aliás, quando mulheres aceitam tais coisas como insultos, estão na realidade reproduzindo atitudes machistas e exibindo o que chamamos de misoginia introjetada. A insistência em entender tom pejorativo nesses vocábulos apenas reforça preconceitos patriarcais historicamente arraigados, o que constitui obstáculo na trajetória de emancipação feminina e na liberação sexual plena da mulher na sociedade. Para ilustrar meu ponto, vou contar um conto. Trata-se de uma história de amor verídica que ocorreu comigo há muitos anos. Com fim de garantir o sigilo da menina que protagonizou a cena comigo, não usarei seu nome verdadeiro, e irei chamá-la aqui apenas de Dzjia, Valdisneia Dzjia. Val, para os íntimos. Val, além de namoradinha de um amigo meu, era uma serial cheater. Já havia chifrado meu amigo com a maioria dos outros amigos da turma e não dava sinais de que aquele rodo tinha freio

Flerte & Assedio

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  Glória Maria nos deixou, e com ela se vai parte da história do jornalismo brasileiro. Ao observar o grande número de matérias sobre a morte da jornalista que viralizaram nas redes sociais, percebi que a era da viralização também já era, não passa de um cyberartefato cultural da época em que ainda tínhamos cybercultura. É incorreto, portanto, dizer que algo viralizou. Quando algo se espalha para um grande número de pessoas, o correto hoje é dizer que aquilo algoritmizou.  Tudo é autorizado pelo algoritmo, selecionado pelo algoritmo, impulsionado pelo algoritmo ou mesmo criado pelo algoritmo, e só se propaga se for do interesse do algoritmo, o Big Brodão invisível em uma sala de edição virtual que decide qual vai ser a sua programação. Por razões que não posso escrutinar, quis o Brodão que eu topasse com a matéria¹ da Revista Forum, que fala sobre o dia em que Mick Jagger flertou com Glória Maria durante entrevista. Mick está bem passadinho nessa entrevista, que deu quando veio gravar

Velma & Scooby

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  Eu não queria assistir a série da Velma, mas é só o que aparece no noticiário, então nem preciso. Esse spin-off flopado de Scooby em que o Scooby não aparece prova que a tara narcisista por protagonismo feminino já ultrapassou todos os limites da razoabilidade. Não basta substituir personagens homens por mulheres, estamos chegando no ponto em que estão roubando protagonismo até dos totós de desenho infantil.  Duvido que a Lassie fosse passar por essa humilhação, mas se você acha que isso é o fundo do poço é porque não viu as M&Ms femininas¹ ainda. Mentir que é uma mulher independente e empoderada que não precisa de au-au pra nada já é baixaria além da conta, então imagine o nível das surtadas que roubam protagonismo de pobres chocolatinhos indefesos que nunca morderam ninguém. Pelo que entendi até agora sobre o seriado da Velma, ela está tentando destruir a reputação do Scooby com acusações de que ele é um pai irresponsável que não paga a pensão dos Scoobynhos. Mulher reclamando