Queervoir

  A lenda urbana de que homens tem aversão à mulheres poderosas em filmes é possivelmente a mais delirante da história da urbanização. Tem que ser, porque a mitologia da mulher poderosa é na realidade uma fantasia masculina. Mulher-Maravilha, por exemplo, é uma releitura criada por homens do mito grego da amazona, também criado por homens para protagonizar as lendas de ação de milhares de anos atrás. Como podemos observar, essa mania de dar reboot em franquias empoeiradas é bastante antiga. Há massiva evidência de que o estereótipo da protagonista mulher poderosa é uma fantasia masculina criada para habitar mitos masculinos, mas sempre é útil encontrar um daqueles artigos feitos para provar o que todo mundo já sabia. De acordo com estudo publicado no Evolutionary Behavioral Sciences¹, autores homens tendem a criar heroínas femininas que são fisicamente poderosas e com mais frequência se envolvem em conflitos físicos para atingir seus objetivos do que autores mulheres. Mulheres são mais

  No milênio passado, o pessoal observou que mulheres também são safadas, digo, também consomem pornografia. Surgiu então a ideia fazer filmes eróticos ajustados para a lente feminina com fim de atender aquele novo e inusitado segmento do mercado. Parecia uma boa ideia, mas a iniciativa foi um fiasco de bilheteria. A dura realidade é que, quando você faz filme de sacanagem para mulheres, homens não querem assistir esse bagulho, e mulheres também não.  Se parar para pensar, a ideia do pornô for girls nunca fez sentido algum. Se você observa que mulheres são atraídas para um determinado produto, adulterar e descaracterizar o produto para atrair mais mulheres é um plano que tem tudo para falhar, já que o que as atraiu em primeira instância foi o produto original, e não a versão Xing-Ling rosinha que você está tentando empurrar. Movida pela descoberta de que mulheres também gostam¹ de filmes de ação, um gênero considerado masculino, a indústria de cinema teve a ideia de que fazer filmes de

  Fui acusado de dizer que lacradores são burros para insultá-los. Tal infâmia é uma sordidez inverídica inventada com o pérfido propósito de enlamear minha reputação, pois jamais disse que lacradores são burros. O que eu fiz foi provar que são burros. Parece a mesma coisa, mas se você não entende por que é outra coisa, você é burro. Lacradores acreditam que homens têm problemas para aceitar protagonistas femininas fortes no cinema, crença desconfirmada pelas estatísticas de gênero¹ do filme The Marvels, que mostram que 65% do público que assistiu a esse flopbuster no cinema é homem. Entendo que é difícil para o lacrador, por ser burro, entender por que a prova de que ele é burro prova que ele é burro, mas o que não entendo é por que alguém acha que isso é problema meu. Também ouvi dizer que esse tipo de vocabulário não colabora com o nível do meu texto, fazendo com que ele pareça menos profissional. Essa observação é burra, porque provar que lacrador é burro não é profissão. Isso é co

Teóricos da transpiração, ao descobrir que a geração atual usa o Google para perguntar qual o gênero da Mulher-Maravilha, vão dizer que isso é prova de que o colapso do Ocidente é como se declarou Thanos: inevitável. Não acredito nesse negócio de é o que declara, então vou confessar que simpatizo com essa pergunta porque ela tem resposta.  Se me perguntarem qual é o gênero da Mulher-Maravilha, sem medo de errar direi que ela é uma mulher, já que toda pergunta que possui resposta merece ser respondida. Perguntar se a Mulher-Maravilha é um homem, entretanto, é uma pergunta que não merece resposta, pois não pode ser respondida. Se você disser que a Mulher-Maravilha não é homem, isso equivale a dizer que mulheres não são homens. Nesse caso, você será acusado de transfóbico e trucidado pelos canceladores. Caso você diga que ela é um homem, você está afirmando em última análise que a Mulher-Maravilha é uma mulher trans. Isso equivale a dizer que mulheres trans são homens, portanto você será

  Stephen King escreve bem, mas infelizmente está senil. Deve ser aquela tal de doença de Oppenheimer. Se não me engano, teve até filme desse negócio esses dias. O Tico e o Teco entram em circo-circuito devido a um processo neuroilógico regenerativo crônico, aí o sujeito começa a trocar as solas, embarulhar as palavras e ver gnomos. Não faço ideia de como é estar na pele do escritor, mas um duende verde que mora no meu quintal me disse que não deve ser algo muito agradável. King não entendeu por que as pessoas estão comemorando o fracasso de The Marvels, então comentou no Twitter¹ que parte desse ódio deve ser coisa de fanboy com nojinho de meninas. Coitado do vovô. Além de gagá, está lelé. Esse meme do fanboy que tem problemas com mulheres é a lenda urbana mais demente que já existiu na história da urbanização, portanto há várias razões legítimas para comemorar esse flopbuster. Infelizmente não vou poder listar todas, pois se o fizer o pessoal vai preferir não ler para aguardar virar

A sobrecarga de tarefas domésticas das mulheres é o tipo de trabalho invisível que dá pra ver até no Fantástico, então é de se perguntar como seria o mundo se esse tipo de trabalho invisível fosse visível. Na edição¹ desse domingo, em matéria sobre o trabalho invisível das mulheres, foi possível ver como funciona o cotidiano de uma mãe de duas aborrecentes que trabalha e ainda faz tudo em casa.  A família é humilde, mas não é possível ver o pai em lugar nenhum porque ele não aparece na matéria. Provavelmente pode ser avistado em algum lugar fazendo algo que terá benefício visível para a mamãe e as pirralhas, mas que nem mesmo o Fantástico consegue enxergar.  O ápice apoteótico da matéria ocorre quando a aborrecente mais velha é consultada sobre o que pensa da situação de sobrecarga das mulheres na sociedade. Prontamente responde que a solução é estudar para não ter que repetir a história da mãe no futuro. Louça que é bom, nada. Vassoura, pano de chão, ferro de passar também são invisív

  Acabei de ouvir um humorista famoso dizendo que sua verdadeira riqueza são os amigos, e que se os vendesse ficaria milionário. Achei essa piadinha pobre, típica de gente pequena e com uma visão de mundo limitada. Amigo pra mim não tem preço, então se tivesse que vender os meus, não só ficaria sem amigos como morreria na miséria. Há uma alternativa de negócio bem mais viável do que essa, que é a de vender inimigos. Se eu vendesse os meus, não só me livraria de um monte de tralhas inúteis e indesejáveis como iria ficar bilionário.  Odiar bilionário é tendência no mercado hoje, então com meu primeiro bilhão eu arranjaria caminhões de inimigos novos que eu poderia revender para expandir minhas operações, garantindo um crescimento patrimonial sustentável com baixa exposição ao risco e excelente retorno sobre o capital investido. E essa é a diferença entre uma pessoa com talento empresarial e outra que ganha a vida fazendo piadinhas. Aos amigos, desejo um bom fim de semana. Caso você seja

Tive que ouvir que minha teoria sobre machos sarados atraírem mulheres ao cinema para ver filmes de super-heróis não tem fundamento porque Christopher Reeve, o Superman de 1978, não era sarado. Vou ser magnânimo e assumir que é sarcasmo para sinalizar virtude. Afinal, está na moda esse tal de virtue signaling, mas não é porque sou um dinossauro old school roots da era pré-mileniozóica que não posso me atualizar.  O sujeito da esquerda na imagem é Hugh Jackman no filme X-Men (2000). Esse franguinho aí é o bofe sarado que alucinou as piriguetes da época no papel que catapultou o ator ao status de sex symbol do milênio. Jackman na realidade estava meio barango quando iniciaram as filmagens, então a produção deixou as cenas sem camisa para o final para que ele tivesse tempo de entrar em forma.  O esforço era necessário porque a única vez na história em que mulheres foram em massa ao cinema ver super-herói com pelanca sobrando foi em Avengers: Endgame. O Thor barangopositivo estava tão panç

  Ninguém parece ter notado, mas notei que os bofes sarados sem camisa sumiram dos filmes de super-heróis, o que sugere que a causa da fadiga desse gênero nada mais seja do que a falta de macho gostoso pelado em cena. Para entender a questão em toda sua gostosidade, a primeira coisa a observar é que histórias de super-heróis foram criadas por homens nerds para atender ao imaginário de pirralhos punheteiros, que é como chamávamos incels antigamente. Se o público alvo é o nerd pré-aborrecente, alguma solução teria que ser encontrada para atrair mulheres ao cinema, o que de fato ocorreu com o filme X-Men (2000). Na virada do milênio, hordas de piriguetes saíram das salas de exibição suspirando pelo Wolverine, deixando claro que macho gostoso pelado na fita é uma excelente estratégia para convencer mulheres a assistir filmes para incels. Além de efetiva, a iniciativa era politicamente correta, já que objetificação sexual só é opressão quando o objeto a ser sexualizado é uma fêmea gostosa,

  Todo mundo conhece o Buster. Esse mesmo que você pensou: o Buster, Blockbuster. Quem pariu esse indivíduo foi a Ten. Ripley ao despachar a rainha dos xenomorfos para o espaço no überapoteótico Aliens, de 1986. Terminated, bitch! O filme não era exatamente o que Scorcese classificaria como cinema de verdade, mas era diversão garantida de verdade, garantindo a consolidação do Buster como ícone da cultura pop de verdade, o que fabricou caminhões de dinheiro de verdade para a indústria do cinema e os vendedores de pipoca. Essa história que contei é lorota de verdade, pois o termo blockbuster surgiu¹ em 1942. Aliens foi só a ocasião em que eu o ouvi sendo empregado pela primeira vez, mas a verdade é que não estou nem aí, já que se a geração atual acredita que o protagonismo da mulher forte, independente e que não precisa de macho pra nada começou mais de trinta anos depois da Ten. Ripley e o oitavo passageiro, estou moralmente autorizado a acreditar que de fato testemunhei o parto do Bust