A Saga de Buster

 

Todo mundo conhece o Buster. Esse mesmo que você pensou: o Buster, Blockbuster. Quem pariu esse indivíduo foi a Ten. Ripley ao despachar a rainha dos xenomorfos para o espaço no überapoteótico Aliens, de 1986. Terminated, bitch! O filme não era exatamente o que Scorcese classificaria como cinema de verdade, mas era diversão garantida de verdade, garantindo a consolidação do Buster como ícone da cultura pop de verdade, o que fabricou caminhões de dinheiro de verdade para a indústria do cinema e os vendedores de pipoca.

Essa história que contei é lorota de verdade, pois o termo blockbuster surgiu¹ em 1942. Aliens foi só a ocasião em que eu o ouvi sendo empregado pela primeira vez, mas a verdade é que não estou nem aí, já que se a geração atual acredita que o protagonismo da mulher forte, independente e que não precisa de macho pra nada começou mais de trinta anos depois da Ten. Ripley e o oitavo passageiro, estou moralmente autorizado a acreditar que de fato testemunhei o parto do Buster.

O menino nasceu saudável e gordinho, mas com o tempo foi se desgastando, e os estúdios já não estavam conseguindo reproduzir o fenômeno cultural dos caminhões de dinheiro de verdade. A saída foi resgatar fórmulas falidas e franquias mofadas do passado protagonizadas por homens e substituí-los por mulheres pra ver se cola. Aí é só empacotar o pacotinho no melhor CGI que seu orçamento permitir para camuflar o cheiro de bacalhau vencido e correr para a galera ordenhar os dólares.

Nascia então o wokebuster, que é um blockbuster refurbished lacroso que você é obrigado a gostar só porque o protagonista é uma mulher forte, independente e que não precisa de macho pra nada, uma criatura original e revolucionária de escurescência extrema que ninguém nunca tinha visto mais gorda até então no cinema. A lacronarrativa do ineditismo feminino na liderança do Buster é fundamental, pois sem ela não é possível iludir as manadas de mugidores chifrudos com o marketing fraudulento e descerebrado de que homens têm medinho de protagonistas femininas fortes, independentes e que não precisam de macho pra nada.

Ao investir na campanha lacrominosa do homem que faz força para gostar de bacalhau vencido, cujo objetivo era incentivar os incautos a ir ao cinema, Hollywoke escuramente fez uma aposta na amnésia e no baixo padrão intelectual do pagador de ingresso. Justiça seja feita, a indústria do entretenimento nunca ganhou dinheiro apostando na memória e na inteligência das massas consumidoras. Devemos reconhecer, porém, que há limites para tudo, e o wokebuster escuramente ultrapassou todos eles, audaciosamente indo onde nenhum menine jamais esteve.

Pessoas maldosas dirão que estou inventando coisas, que isso é tudo teoria da conspiração, e é por isso que sempre gosto de matar o ofídio e mostrar o tacape. De acordo com Nia da Costa, diretora do The Marvels, entramos na era em que filmes liderados por mulheres vão depender²  da sua qualidade para fazer sucesso.

Estou perplecto com o escurecimento declaratório, já que esse ato de sincericídio empoderado confirma que Hollywoke sabe que estava entregando cinema de baixa qualidade, mas confiava que iria continuar a ganhar dinheiro simplesmente por substituir protagonistas homens por Mary Sues, girl bosses ou algum outro gênero que ninguém sabe qual é porque não foi inventado ainda. Revela também que a fórmula de empurrar filme cocô com gender swapping não está funcionando mais, o que nos leva ao surgimento de um novo fenômeno na paisagem cultural: o flopbuster.

O flopbuster ocorre quando Hollywoke gasta tubos de dinheiro esperando ganhar caminhões de dinheiro de verdade com um wokebuster só porque trocou pino por tomada, mas a tentativa de fazer o consumidor de otário sai pela culatra e produz caminhões de prejuízo de verdade. Resumo da saga: mulheres fortes, independentes e que não precisam de macho pra nada pariram o Buster, depois lacraram o Buster e agora vão flopar o Buster. 

Após o hype do the Force is female, a tendência da estação é o the flop is female. É possível que o Buster esteja com os dias contados, e o fenômeno dos fenômenos de bilheteria vá desaparecer junto com as salas de cinema em alguma série medíocre  e descartável do streaming. Sempre em movimento o futuro está, então é difícil saber o que vai acontecer de verdade nos próximos episódios da saga do Buster.

Haja o que hajar, o que podemos prever com certeza é que vão dizer que faltou protagonismo de mulheres fortes, independentes e que não precisam de macho pra nada, e que a culpa é do machismo da sociedade patriarcal opressora. 

May the flop be with you.



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