Patriarchy!

 


Uma das coisas mais opressoras que o patriarcado já fez com as mulheres foi acabar. Por milênios, o patriarcado foi caracterizado pela definição¹ oriunda da antropologia, que é a organização social caracterizada por sucessão patrilinear e subordinação da mulher e filhos ao patriarca. Observe que é irrelevante o sexo de quem está no comando do poder político, pois patriarcado refere-se à autoridade familiar do pai, não autoridade política. É por isso que o nome do sistema é patriarcado, e não homenharcado. 

Com efeito, tivemos um sem número de rainhas no passado comandando nações, e em nenhum momento elas deixaram de ser patriarcados, que efetivamente acabaram no Ocidente com o fim da previsão legal da autoridade paterna e da sucessão patrilinear. O evento provocou forte dissonância cognitiva entre feministas, já que se o patriarcado não mais existe, não há mais razão para ficar enchendo o saco com vitimismo de gênero e fazendo marcha de protesto fantasiada de pepecão rosa.

Em desespero com o desaparecimento das tetas da opressão, sociólogas empoderadas se reuniram para problematizar esse dramático problema e decidiram por fazer aquilo no qual são experts: avacalhar a linguagem para redefinir a realidade e tapear os otários. Por volta de 1960, portanto, uma nova definição de patriarcado emergiu para salvar o feminismo da obsolescência política e intelectual. De acordo com o sociologuês empoderado culto aceito hoje, patriarcado² é um conceito analítico que se refere a um sistema de relações políticas, sociais e econômicas e instituições estruturadas em torno da desigualdade de gênero entre homens e mulheres socialmente definidos. A parte do socialmente definidos é herança recente da Teoria Queer.

O problema com essa definição é que não vivemos em um sistema estruturado em torno da desigualdade de gênero entre homens e mulheres, já que não existe lei que dê a homens qualquer poder sobre mulheres ou direito que elas não possuam, além de não existir dispositivo legal que determine qualquer desigualdade entre os gêneros como tínhamos no antigo período patriarcal. Quando muito, vivemos em uma sociedade onde as instituições estão estruturadas em torno da eliminação das desigualdades de gênero que afetam as mulheres, e somente as mulheres.

Pior, a definição corrente transformou o feminismo em teoria pseudointelectual que não explica coisa alguma sobre a realidade, ou seja, não mudou coisa alguma do que já tínhamos antes. O patriarcado supostamente seria a causa das desigualdades de gênero, então como patriarcado e desigualdades de gênero foram igualados por definição, temos, também por definição, que a causa das desigualdades de gênero são as desigualdades de gênero. A solução seria acabar com o patriarcado, portanto, por definição, para eliminar as desigualdades de gênero precisamos acabar com as desigualdades de gênero. Totalmente circular. 

O futuro não está definido, mas se há algo que podemos definir para o futuro é que sociólogas empoderadas vão continuar a redefinir o patriarcado e qualquer outra coisa que precisar ser redefinida para continuar encontrando por definição o que for conveniente para a narrativa de opressão de fantasia causada por um sistema imaginário que já não fazia o que feministas dizem que fazia na época em que ainda estava em vigor, que dirá agora que não existe mais.




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