The Simpsons

 

Alguns estão tentando justificar o fato de que os Kens são idiotas inúteis no filme da Barbie apontando Homer Simpson como referência. É um exemplo infeliz, pois Homer já foi apontado por outros alguns como um dos personagens que iniciou o discurso anti-homem na mídia. Acredito que todos esses alguns estão enganados. Não havia discurso misândrico na época dos Simpsons, e qualquer um enxergando engenharia social anti-homem na época do Chuck Norris, Sylvester Stallonge e Arnold Schwarzenêitor fumou uns cogumelos e está seguramente alucinando coisas. Sei que estão pois eu estava lá, e assisti tudo pela TV.

Homer não é um idiota inútil, é um palhaço. Muitos existiram antes dele, como Jerry Lewis, Charles Chaplin e Didi Mocó, dos Trapalhões. A linhagem se estende até os palhaços de circo, que são trapalhões, mas não idiotas, pois um palhaço não é nenhum palhaço. Por certo Homer não é muito brilhante, mas escuramente não é um Kenjumento idiota. Nunca existiu na ficção uma história em que homens - ou mulheres - fossem todos representados como idiotas inúteis para fazer contraponto à suposta superioridade moral e intelectual do sexo oposto. 

Vício em cerveja e rosquinhas são um problema, mas Homer com certeza não é um inútil. Pelo contrário, é o herói da história, um pai dedicado que trabalha e, apesar de suas limitações, sustenta mulher e filhos e faz tudo que pode por eles. A esposa Marge aparenta ser mais ligeira que o marido, mas também faz trapalhadas. Lisa e Bart são pré-aborrecentes espertinhos e antenados, um estreótipo familiar comum em que os filhos estão mais conectados com o que é trending no momento, enquanto os pais antiquados se esforçam para acompanhar. 

Todos os personagens são multidimensionais e têm suas fraquezas e virtudes. Os Simpsons nada mais são do que o retrato caricato da família americana média da sua época, que, como toda família, atravessa sua história de desventuras com erros e acertos. Nada há de depreciativo na caricatura criada pela série, que nada mais é do que um retrato bem humorado de famílias reais.

Homer é um exemplo de masculinidade positiva. Em muitos sentidos, meu pai era um Homer, e minha mãe, uma Marge. Com cerveja eu e meu irmão éramos Barts, e minha irmã é o retrato cuspido e escarrado da Lisa Simpson. Nada de positivo pode ser dito a respeito dos Kens na Barbielândia, criaturas plastificadas sem cérebro, sem bolas e sem função no mundo em que vivem. Kens são o anti-Homer, pois Homer é o famoso normie, um representante da média da população masculina, com seus trejeitos, virtudes e limitações. Coloque Homer na Barbielândia e as Barbies vão elegê-lo presidente em no máximo duas temporadas da série. Resultado garantido ou suas rosquinhas de volta.

Sátiras são a expressão cômica da realidade, portanto descrevem algo que existe de fato. Homer, um personagem satírico, descreve com sucesso o boomer médio da sua época. Barbies visivelmente são uma sátira de mulheres reais, mas se os Kens são uma sátira, Ken eles estão satirizando, e Ken possui essa informação? Difícil saber Ken sabe.

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