ChatGPTinho

 

É lamentável observar que debater feminismo com uma máquina é a primeira ideia que vários indivíduos têm ao interagir com uma inteligência artificial de proporções disruptivas como o ChatGPT. Isso demonstra, na melhor das hipóteses, falta de criatividade. O chatbot¹ da OpenAI não só possivelmente é o embrião da SkyNet, como a entidade mais culta que já existiu, pois foi treinado com uma base massiva de texto que provavelmente abarca todo o conhecimento já produzido pela humanidade.

Não por outra razão, a primeira coisa que fiz quando obtive acesso ao chat da OpenAI foi debater feminismo com a máquina. Maldosos dirão que estou me contradizendo, mas o fato é que nunca entro em debates online apenas por debater. Sempre há algo por trás, nem que seja por trás do indivíduo que não sabe que vai sentar na jaca e registrar sua vergonha para a posteridade. No caso do ChatGPT, o objetivo é verificar se a máquina é capaz de passar no teste de Turing, o Santo Graal da inteligência artificial.

É impossível distinguir discurso feminista de um diálogo com o chatbot da Magalu treinado com memes de rede social, dados extraídos do Instituto DataBunda e outras abobrinhas aleatórias fraudulentas fabricadas nas Academias do primeiro mundo. ChatGPT, infelizmente, tem comportamento idêntico a de uma feminista standard, portanto foi programado para priorizar segurança sobre outras funcionalidades durante sua execução. Isso significa que ele roda com segurança no teste de Turing.

Ser incapaz de se fazer passar por uma inteligência humana não significa que ChatGPT não é um avanço tecnológico impressionante, então resolvi usá-lo para testar minha própria base de dados. Com já quase 30 anos de atividade online, o número de feministas com os quais já interagi no Brazil e exterior ultrapassa com segurança a casa dos muitos milhares. Sou praticamente um ChatGPTinho, um cyberorganismo treinado com uma base massiva de currupacos feministas de várias gerações, vertentes e nacionalidades, tanto na posição de insider como de outsider, sem prejuízo de outras posições, como papai e mamãe, canguru perneta, frango assado, cowboy valente, chuveirinho e dança do pirata doido.  

Se há algo que sempre soube sobre a feminista brazuca média é que ela é a favor da inclusão de homens na Lei Maria da Penha, informação que ChatGPT confirmou ao afirmar ser a favor da inclusão. Modelos de linguagem funcionam com base em probabilidade, portanto a resposta reflete o que é mais frequente nos textos da sua base de dados. Isso significa que, se dependesse de apoio popular, uma lei incluindo homens na LMP seria aprovada.

ChatGPT é tão bem treinado no Lado Dworkin da Força que possui outra crença da feminista média: a de que a LMP protege a todos, independente de gênero. Temos aqui o primeiro caso de dissonância cognitiva artificial, onde um robô expert em linguagem com acesso a um texto legal se recusa a processá-lo, pois isso entra em choque com seu entendimento de que a LMP existe para promover igualdade de gênero.

Em outras palavras, o furioso e disruptivo modelo de linguagem de última geração da OpenAI acredita que homens estão incluídos na LMP, embora seja a favor da sua inclusão, portanto replica com perfeição o padrão chatbot da Magalu de raciocínio da feminista média. Esse C-3PO Woke tem um futuro promissor, mas não chegou lá ainda. Serve ao menos para confirmar minha teoria de que a inclusão de homens na LMP está firmemente ancorada no horizonte das possibilidades possíveis.

"Eu tenho um sonho." - O Padeiro

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