Mimimi Religioso
Há pessoas que a gente enxerga e imediatamente percebe que são diferenciadas, iluminadas, destinadas a grandes realizações. Assim que enxerguei Key Alves no BBB23, não tive dúvidas: Key não é esse tipo de pessoa. Ok, a menina revelou que mentiu sobre o quanto ganha no OnlyFans para enganar o gado clicador de bunda e já foi foodie caller, daquelas que saem com homens só para comer, mas não posso julgá-la. Embora jamais tenha mentido sobre meus lucros no OnlyFans, com certeza já saí com mulheres só pra comer.
Isso não me impede de reconhecer que a sister¹ teve seu momento de glória quando Fred Nicácio mais uma vez tentou capitalizar seu victimcard e surtou um delírio sobre racismo religioso. Key não se amedrontou e protagonizou o primeiro antilacre da história do BBB ao explicar a Fred que nenhum racismo ocorreu, e que o brother não passa de um aproveitador querendo se vitimizar. Para se defender de acusações de racismo, Key informou ainda que tem sangue negro e que sua avó é negra.
Nesse momento, Tina, que tem sangue negro e avó negra, cometeu afrointerrupting para dizer a Key que é isso que uma pessoa racista diria. Fred ainda ameaçou Key com processo, mas nossa heroína não recuou. Uma verdadeira Pardo Panther, legítima herdeira do trono de Wakanda.
Nicácio levou seu victimcard ao limite ameaçando uma afrodescendente de processo por racismo religioso em um país onde racismo religioso não pode ser encontrado na lei nem fora dela. O próprio conceito de racismo religioso, que consiste no preconceito contra religiões afro-brasileiras, é racista, já que não só há brancos² praticantes como também há negros protagonizando atos de intolerância³ contra terreiros de umbanda e candomblé.
O Senado está de olho no BBB, e cita Nicácio⁴ em matéria sobre racismo religioso. Suspeito que em breve teremos nova tentativa de redefinir a realidade via decreto legal, rasgando a Carta Magna mais uma vez com fim de fornecer proteção diferenciada a episódios de intolerância religiosa para religiões afro. Tal iniciativa é um ataque ao Estado Laico, já que fabrica privilégio estatal para algumas religiões em detrimento de outras.
Racismo religioso é o tipo de fraude sociológica que tem o potencial de acirrar tensões religiosas ao invés de diminuí-las, então nesse momento devemos considerar que ameaçar a perigosíssima Key Alves com processo no BBB é fácil. Parar traficante evangélico tocando o horror no terreiro para desencapetar Exú dos desafetos é outro programa bem diferente, mas isso não deveria ser motivo para preocupação, já que tudo o que afirmei aqui é só o que qualquer pessoa que não é racista fala.
E já que o assunto é religião de matriz africana, invocarei a deusa Dite para que nos ilumine nessa semana que se inicia, pois somente Dite é Afrodite e só Xangô poderá me julgar. Iemanjô?
