J.K. Rowling e os Comensais da Morte.
Sempre serei contra extrair prazer do sofrimento alheio, seja de quem for, MAS.... a verdade é que feministas como J.K. Rowling¹, atualmente a Frida toda empoderada das TERFs (feministas radicais transexcludentes), jamais entenderam Judith Butler, ou se entenderam, fingiram não entender para promover o marketing sororitário cheirosinho e intelectualmente suicida dos muitos feminismos. Conforme Flor Alcatraz, o feminismo² tem medo de desapegar da categoria mulher, ou, nas palavras de Sonia Correa, a categoria mulher não serve³ mais para a luta feminista.
Esses malabarismos linguísticos são uma maneira fofinha de dizer que mulher tem que acabar, pois mulher é só uma ficção representacional fabricada pelo patriarcado heterossexista com fim de oprimir as classes não normativas. Sendo o caso, o rótulo que sobra para as meninas no desconstruído momento atual é "mulher que menstrua" e "pessoa gestante", pois a categoria mulher propriamente dita está reservada à mulher trans, a única entre as mulheres que pode reivindicar o título de mulher de verdade sem ser transfóbica. Notou que transfobia parece guardar alguma relação com menstruação e gestação? Eu não, já que conectar certas coisas a outras coisas é transfóbico.
Dizer que somente mulheres podem ser mulheres é hoje uma frase transfóbica, então quando vejo TERFs em desespero dizendo que o movimento trans é só mais uma manobra misógina do patriarcado para atacar direitos de mulheres eu tento extrair de mim alguma empatia, mas só o que sai é riso. É uma risada gostosa, sem remorso, daquelas de quem sabe que nunca foi uma ideia muito boa esse plano feminista de convencer sucessivas gerações de homens de que a única esperança que eles possuem de serem reconhecidos como humanos na sociedade é trocar de sexo. Não se nasce homem, torna-se mulher (TRANSIMONE, 2023). Somos apenas designados do sexo masculino ao nascer, pois depois disso vale o que declara.
É comovente a ideia de TERFs de que ativismo trans é culpa do patriarcado, primeiro porque isso mostra o quanto o vocabulário feminista é impotente para descrever qualquer relação causal fora de sua câmara de eco do patriarcado opressor, e segundo porque tal entidade não existe. Para as desavisadas ainda não aclimatadas com as oblíquas tecnicalides do jargão acadêmico, cumpre lembrar que ativismo trans é só mais uma ficção representacional que faleceu na sigla sopadeletrista assim que o Q+ foi integrado ao LGBT. O que temos é agenda Queer, que inclui, mas não se limita ao restrito universo binário das pessoas com disforia de gênero, o Tê de LGBTê.
Queers não são o upgrade do feminismo, são a "cura" para a cultura dos direitos da mulher, mas essa é uma conversa politicamente escabrosa para o qual você não está preparade ainda, amigue. A revolução⁴ é como Saturno, devorá seus próprios filhos (BÜCHNER, 1835).