Coswoke X Cosplay


 Lacradores e lacradores reversos já estão competindo nas redes sociais para decidir quem passa mais vergonha falando asneira sobre a nova Supergirl. Há vários por aí inclusive afirmando que ela é woke porque criaram uma versão masculina do Superman para lacrar. Páreo duríssimo, então está difícil saber quem vai levar o troféu Jumento Digital do Millennium essa semana. 


Incialmente devemos observar que não é possível não gostar da nova Supergirl sem ser acusado de algum ismo. Sendo o caso, podemos usar meu método Lacre for Dummies para saber com segurança que lacrou sem nem mesmo olhar o trailer ou analisar qualquer outro dado adicional. Isso coloca uma pá de sal no assunto, mas como meu objetivo sempre foi empanar com cal, tentarei adicionar a essa discussão o que falta nas discussões do mundo moderno: nuance. 

Nuance é como ereção meia-bomba. Está duro e não está, adianta e não adianta, brochou e não brochou, mas como nem toda pessoa é portadora de penes como eu, tentarei explicar nuance usando a Supergirl mesmo: Seria Kara Zor-El a versão masculina do Superman? Bem, sim e não, mas se você não entende como algo pode ser e não ser, faltou uma ereção meia-bomba, digo, faltou nuance.

Supergirl não é exatamente o reboot de gênero do Superman, entretanto, assim como o supercão Krypto é a versão canina do Homem de Aço, Kara é também a versão feminina de Kal-El. Como podemos ver é, mas também não é, não é mesmo? Nem sempre a versão feminina de alguma coisa é lacre, portanto é preciso entender contexto, que também faz parte da compreensão da nuance. 

Supergirl é um personagem de 1959, e tecnicamente foi criada para ser a versão girl do Super. Não por acaso, seu nome é Supergirl, mas ela não pode ser um personagem woke porque cultura woke é algo bastante recente. Sendo assim, se você está enxergando qualquer coisa woke na cultura pop antes de 2015, mais tardar 2010, já está concorrendo ao troféu Jumento Digital do Millennium, categoria lacrador reverso.

Supergirl não pode ser woke pois é uma boomer, mas não é porque não é que não pode ser, já que hoje temos diversas tecnologias lacrológicas avançadas que inexistiam antigamente, como wokeversos multidesconstruídos, por exemplo. A nova Supergirl pode até não ser woke, mas é coswoke no mínimo. Coswoke, para quem não sabe, é quando o indivídue tem identidade de gênero woke, mas seu sexo foi designado como não ideologicamente intoxicado ao nascer. Em outras palavras, assim como mulheres trans são mulheres, coswokes são wokes, e quem disser que não é cosfóbico. Deu play ou cosplay?

Sasha Calle¹, a atriz contratada para fazer o coswoke de Supergirl, é latina. Outra vez, precisamos de nuance: diversidade não é lacre, mas quando for o assunto e o objetivo, aí já lacrou com cerveja. Se é para lacrar com protagonismo latino, poderiam ter escolhido uma atriz com o talento de Salma Hayeck, talvez o carisma da Penélope Cruz, mas não. Como pode ser visto no trailer² e nas fotos da nova Super, o farol de milha é de baixa potência, o air-bag traseiro está murcho e, no geral, a aerodinâmica da carroceria está bastante prejudicada. Voar até voa, mas não é o que poderíamos chamar de supersônico.

Você já viu algum cosplay de Wolverine mais unhudo que o Hugh Jackman? Já viu cosplay de Thor mais marteludo que o Chris Hemsworth? Já viu cosplay de Superman mais de aço que o Henry Cavill? Não viu nem vai ver, então alguém poderia me explicar porque qualquer cosplay meia-bomba de Supergirl que você acha no Google é mais crocante que a coswoke de Supergirl? 

No mundo das woke female leads, é imprescindível androginizar e masculinizar o personagem, removendo dele tudo que possa ter apelo ao homem hetero. O objetivo desse esforço, além de promover a desconstrução dos padrões patriarcais de beleza, é acusar homens de fazerem muito esforço para gostar de mulher. De fato é preciso um esforço considerável para gostar de coisas que foram projetadas para que você não goste delas. Em todo o caso, gosto é aquela coisa que não se discute. O máximo que dá para fazer é lamentar.

Fazer gaslighting com homens, como sabemos, é padrão de excelência woke na indústria do cinema hoje, já padrão de incapacidade mental é não entender que a aerodinâmica das piriguetes nas telonas está adulterada por razões ideológicas. O corpo é um ato político, a não ser que seja um corpo masculino malhado. Nesse caso, é obrigatório aparecer sem camisa em cena para agradar ao sexo oposto, pois exibir um tórax de Adônis, bíceps no shape e six pack esculpido é um ato superdelícia.

Como o assunto é nuance, é importante lembrar que o mundo não é sempre preto no branco, mas composto de várias tonalidades e intensidades. Não é porque algo lacrou que lacrou ao extremo, então em uma escala de lacre que vai de 0 a 10, eu diria que essa Supergirl nova leva uns 12, mas posso não estar enganado. Algo me diz que essa Kara vai se declarar não-binária em breve, o que colocaria uma pá de pó na carreira da Capitã Marvel. Cheira essa, perua!

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