Mulher de meia idade branca


Olhe com atenção o perfil típico das Dinizes inoculando veneno ideológico nas redes sociais: mulher de meia idade, branca, o corpo da feminilidade ressentida. Um dos dramas desse grupo demográfico é sua paranoia pseudointelectual combinada com a ciência da própria irrelevância. Para compensar a ausência de qualquer substância ou talento que lhes garanta holofotes, a saída é destilar ódio contra branquitude e masculinidade. 

Das várias análises possíveis sobre a invasão de Brasília, Dinizes são incapazes de emitir a qualquer coisa além da mais previsível, racista, sexista e incompetente de todas: tudo o que eu não gosto é branco e masculino. A farofa exige não mais do que capacidade mental de chatbot da Magalu para ser produzida, e tem grande aceitação no mercado. Fácil, prático e descomplicático.

Devemos reconhecer que o método é funcional, e têm funcionado para fornecer a sensação de que o que você tem a dizer é digno de nota ao grupo demográfico das mulheres de meia idade, brancas, o corpo da feminilidade ressentida. Embora eficiente, a técnica é deficiente em fatos, portanto exige sempre certos ajustes para adequar a realidade à narrativa. É necessário, por exemplo, omitir que havia grande número de mulheres na manifestação, uma quebradeira inclusiva que contou inclusive com a presença de negros, pardos e até indígenas. Seria a presença desses indivídues causada por feminilidade, negritude, pardicidade ou indigineidade ressentidas? Esse é um mistério que Dinizes não sabem como resolver porque o chatbot da Magalu também não sabe.

Foi criado no Instagram o grupo¹ Contragolpe Brasil para postar fotos de manifestantes com objetivo de identificá-los. As imagens refletem a composição étnica do brasileiro médio, que na sua grande maioria é formada² por brancos e pardos. Se tirar a camisa verde-amarela e colocá-los na multidão presente na posse de Lula, passariam todos sem levantar suspeitas por companheiros revolucionários celebrando a festa da democracia. Curiosamente, se você mostrasse essas imagens a um americano, poucos dos que estão ali seriam reconhecidos como white (brancos), e grande parte seria imediatamente enquadrada como people of color (PoC), que é o grupo étnico que o americano usa para se referir a qualquer coisa que não possua a cor da opressão.

Por falar em PoC, brasileiro tem essa mania, ainda vigente, de se achar nórdico. Ronaldo Fenômeno, por exemplo, se declara branco, embora seja visto pela maioria dos brasileiros como pardo ou negro. Também se declara hetero, porque a moda agora é de que você é o que declara, e quem disser o contrário é culpado de alguma fobia. Está em voga hoje também a moda de se declarar black. O sujeito é levemente bronzeado, tem cabelo discretamente ondulado, e já se declara afro-Zulu, descendente de uma linhagem pura que se estende intocada até algum membro ancestral da realeza Angolana, pois - alerta de referência Gilbertiana - só quem sabe onde é Luanda saberá lhe dar valor. 

O modismo é o típico enlatado importado dos EUA e adaptado para a realidade brasileira. O afro-american tem baixíssimo índice de miscigenação, então eles se declaram blacks ostensivamente não para ratificar sua descendência africana, mas por razões político-identitárias. Por aqui o afro-europeu brazuca tem sangue indígena, asiático e mais outras coisas que ninguém sabe dizer o que é no corpinho, mas acha fashion ignorar a parte inconveniente do seu DNA com fim de declarar sua africanidade com plenitude. O fenômeno, que poderíamos batizar de transafricanidade, é tipicamente brasileiro, o famoso e popular "só no Brasil mesmo". Que nunca se diga, portanto, que a Bananânia é incapaz de fabricar tendências.

Suspeito que a moda tem alguma coisa a ver com matemática. Se o sujeito tem sangue europeu, fica mais difícil calcular se está devedor ou credor na hora de decidir quanto de reparação ele tem direito no momento de pagar a dívida histórica. É possível que um teste de DNA revele que o indivíduo não tem nada a receber, e está na realidade devendo, então essa conversa politicamente incorreta é como a heterossexualidade do Ronaldo: o chatbot da Magalu não sabe como resolver, então não vamos mais tocar nesse assunto para não prejudicar os contratos com os patrocinadores. 

As teses racistas e sexistas de uma sociedade dividida politicamente por sexo e raça já são um imbróglio no país de onde as Dinizes importam seus enlatados ideológicos, então a tentativa de aplicá-las por aqui é o que poderíamos chamar de delírio. O mais bizarro é que essas ideias são defendidas e patrocinadas por machos brancos da elite, que como as Dinizes, sofrem de intelectualidade ressentida. Esse é mais um detalhe que mulheres de meia idade, brancas, o corpo da feminilidade ressentida, têm que esconder com fim de garantir que nada perturbe a câmara de eco dentro da sua bolha de fantasia, onde racismo e sexismo são uma forma de virtude e justiça social, desde que direcionadas aos grupos certos.

Em tempo: Ronaldo estava bêbado³ durante do seu episódio com travestis em 2008. Como sabemos, indivíduos alcoolizados não são capazes de consentir, então podemos classificar o caso como estupro de vulnerável. Tecnicamente Ronaldo é um hetero vítima de violência sexual, pois assim como os transafricanos brazucas são afros, mulheres trans são mulheres, e quem disser o contrário é transfóbico.




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