Jumentosfera Digital

 

Está crescendo em popularidade a Dead-Internet Theory¹, uma teoria da conspiração que diz que a maioria da Internet já foi tomada por robôs de inteligência artificial, e que os poucos humanos que sobraram interagem sem saber com chatbots capazes de passar no teste de Turing². Uma breve observação no vácuo asnocósmico da jumentosfera digital, entretanto, nos mostra que é improvável que a rede mundial de computadores esteja densamente povoada por entidades inteligentes de qualquer natureza.

O que penso que na realidade está ocorrendo é o que eu batizei de Donkey-Internet Theory, uma teoria empiricamente verificável que diz que a maioria da Internet já foi tomada por jumentos de burrice artificial, os asnobots. O asnobot é um cyberorganismo biológico que é naturalmente burro fora do ambiente virtual, mas que uma vez plugado à jumentosfera digital transforma-se em um idiota útil que pode ser artificialmente programado para viralizar asneiras, insanidades, fake news e outras bobagens. O asnobot é como a Lu, o chatbot² do Magazine Luiza, só que mais idiota e bem mais fácil de programar.

Evento recente que mostra o quanto é fácil programar asnobots ocorreu no caso da matéria do Intercept⁴ sobre o caso Mariana Ferrer. Bastou uma edição básica de video, citação de um estupro culposo que nunca foi citado por ninguém a respeito de um estupro que nunca existiu para que hordas gigantescas de asnobots varressem a jumentosfera papagaiando #justiçaparamariferrer e outras asnotags descerebradas. A vantagem dos asnobots, além da facilidade de programação, é que a horda uma vez ativada atua também fora da jumentosfera digital, e nesse caso invadiu as redes de televisão, jornais, OAB, CNJ, Ministério Público, Congresso Nacional, e várias outras entidades não virtuais. 

Em resumo, todo indivíduo incapaz de entender a diferença entre uma gulosa arrependida e uma vítima de estupro foi afetado de alguma maneira pela matéria fraudulenta e sensacionalista do Intercept. O site de notícias está sendo processado⁵ pelo promotor e o juiz citados na matéria, que pedem indenização de R$ 450 mil por danos morais. Como podemos ver, programar asnobots, além de ilegal, tem custos jurídicos expressivos, mas ao que parece é uma atividade lucrativa, pois o Intercept está na área novamente com uma pérola que poderíamos batizar de "aborto culposo", em que o periódico com padrão Amber-Ferrer de credibilidade jornalística noticia⁶ um suposto estupro onde uma juíza supostamente impediu de forma criminosa uma menina de 11 anos de abortar. 

Hordas de asnobots já foram ativadas, e pastam furiosamente na Internet e fora dela. Para evitar ser sugado pelo vácuo asnocósmico da jumentosfera digital, vou suportar ficar mais um pouquinho observando a movimentação da manada antes de parir qualquer comentário sobre esse caso. De acordo com o informado pelo meu médico, na minha idade normalmente há risco de saúde se eu prosseguir com a gestação desse textão, mas no momento não corro nenhum risco. 

Ops, já estou sentindo ele mexer! Acho que é menine, pois me perguntou o paradeiro desse tal de estuprador de mais de 30 anos que nem o Intercept sabe onde está. Que amor esse baby. Nem nasceu ainda, mas tenho certeza que já fez vários casais felizes.






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