Geração Floquinhos

 

Perdi todos os floquinhos com um artigo¹ onde um psicólogo da geração palavras machucam está dodói porque sua geração está sendo zoada. Tadinho. Além de ser hipersensível, não consegue entender ironias muito bem. Gêintchy, vou explicar bem explicadinho, tão bem explicadinho, que até um psicólogo millennial vai conseguir entender: se alguém disser que você é chorão, não comece a chorar, ok? Não é legal, então não recomendo. Pare também de repetir essa lorota de que não podemos generalizar. Isso não só é uma generalização, como é meme de boomer bêbado, algo que ele provavelmente copiou de um biscoito chinês da sorte, e que foi baseado em um bagulho sem noção que viralizou há milênios. Outra dica que eu dou é parar de usar a expressão "isso não é científico".  Não é vergonha não saber, mas quando você fala algo que não sabe, isso não é legal, então também não recomendo.

Não vamos, é claro, generalizar, mas o problema é que toda vez que eu vejo um millennial, especialmente psicólogos, dizer que algo que machuca o fifi dele não é científico, isso me dá gatinhos, pois eu já sei que na sequência vem bomba. Não tem erro. Cort W. Rudolph, o autor do artigo, afirma que pesquisas sugerem que o conceito de gerações não é científico, e aponta para um estudo que ele mesmo próprio em pessoa co-pesquisou para suportar sua afirmação. Jênio da lâmpida eluminada. Em seu estudo intelectualmente suicida, Rudolph e seus coleguinhas em busca de safe space argumentam pela substituição do conceito de geração por um suposto modelo socioconstrutivista focado no entendimento da natureza de várias presunções que as pessoas compartilham sobre a realidade. 

Por Frida, alguém me acuda por favor: se o modelo geracional é inválido porque é uma falsa generalização, não é necessário trocá-lo por nenhum outro paradigma, especialmente quando esse paradigma define o que geralmente entendemos por geração. Veja bem, o conceito de desemprego é uma falsa generalização, então vamos usar agora transemprego, uma coisa socioconstruída que as pessoas declaram. Haaaa, bom! Parece bastante cientifico, um paradigma radicalmente diferente do obsoleto modelo pseudocientífico original. Não há absolutamente nenhuma chance de vermos um estudo desses sendo parido por gerações passadas. Querer trocar seis por meia dúzia porque seis machuca meus sentimentos, e citar a si como fonte da meia dúzia para dar ao imbróglio ares científicos tem que ser coisa de pesquisador millennial.

Gêintchy, os anos³ de 1946, 1965, 1981 e 1997 para nomear as gerações Boomer, X, Y e Z, respectivamente, são somente demarcações históricas, o mesmo que fazemos quando separamos História em pré-história, Idade Antiga, Média, Moderna e Contemporânea. Marcamos esses períodos pois cada um deles encapsula alguma peculiaridade, algo que provavelmente começamos a fazer com gerações em razão da aceleração das transformações socioeconômicas. Cada período tem sua própria identidade, e, no caso das gerações, elas se influenciam entre si, assim como somos influenciados pelas eras passadas. 

Por exemplo: nossa ciência e filosofia herdamos dos modernos, e conceitos como Política, República e Democracia herdamos dos antigos. Já quando você usa pronome neutro, isso é herança de trogloditas do paleolítico, enquanto não binários devem ser herança dos primeiros hominídeos que emergiram na Savana millões de anos atrás. Quanto a sexo ser uma construção social, agora estamos falando de algo bem mais distante no nosso passado ancestral, resquícios da cultura de amebas unicelulares que viveram há bilhões de anos, antes da emergência da reprodução sexuada.

No momento estamos na Idade Contemporânea, mas quando ela irá acabar? Ora, nunca, seu jumento. A não ser que chegue o Apocalipse, nós sempre estaremos na Idade Contemporânea. Em algum momento do futuro ocorrerá um evento definidor cataclísmico que mudará tudo, historiadores darão um nome para a era em que estamos e vão declarar que eles estão na Idade Contemporânea, embora desconfie que possa haver no futuro um historiador jumento que vá decretar que a era passada é a Contemporânea e a que ele está é uma outra. Nunca se sabe o que o futuro nos aguarda.

Caso sejamos batizados, acho que um bom nome é Idade do Mimimi, que podemos dividir em Mimisolítico, Neomimisolítico e Safespaceolítico. Isso é só uma sugestão, então não precisa perder os floquinhos se isso feriu os seus sentimentos. O legal da História é que podemos ser não só ator como testemunha, então testemunhe tudo que puder ao seu redor. Daqui uns quarenta anos você terá histórias para contar, poderá dizer que os jovens de hoje estão todos malucos, que você era feliz e não sabia, e que no seu tempo é que era bom. Enfim, essas coisas que velho gagá das gerações passadas fica falando na Internet.



Postagens mais visitadas deste blog

O Fardo da Mulher Extrovertida

Calabresa Fagundes

Iara Dupont

A Casada e o Shortinho

O Mundo de Cinderela