Xereconormatividade

 

O ápice definitivo do desespero inclusivo é atingido quando você descobre que, não importa o que você invente, não há como incluir todos, todas, nem muito menos todes sem que algo dê errado. Elus xerecam é não inclusivo, pois exclui pessoas com pênis incluindo algumas pessoas com pênis, que não poderiam estar na frase pois são xerecoexcluídas da parcela xereconormativa da sociedade. A prática é uma microagressão semântica pessopenisfóbica, pois atribui uma construção genital linguística incorreta a alguns indivídues, o que impede sua existência e invisibiliza sua luta contra a pessopenisfobia estrutural imposta pelo patriarcado.  

A alternativa seria usar elas, mas agora excluímos os homens com vagina. Para ser inclusivo com homens trans, usar eles resolve, mas nesse caso deixamos de fora a mulher cis e a trans operada, que, por força de construção social e cirúrgica, por acaso também têm xereca. Como mexer no substantivo não resolve, no pronome também não, então eu proponho a criação do substantivo pronominal fluido para resolver a questão da paradoxicalidade sistêmica intrínseca promovida pela língua da classe normativa dominante. Temos então:

Eu xeroco, tu xereta, xerelus xerecam.

Agora sim. Suruba inclusiva garantida. Quem for contra é xerelusfóbico. Atenção para as variações de gênero:

Eu pirocu, tu piroco, pirelus pirocam.

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