Tempo Surreal

 

Bill Gates deu tela azul, então Melinda ex-Gates será a próxima bilionária a transitar na lista da Forbes surfando no Xerecard. Tio Bill, coitado, era só um nerd com síndrome de Asperger brigando por causa da paternidade afetiva de janelinhas e ícones na justiça com o Steve Jobs quando tomou a decisão de casar sem contrato pré-nupcial. Paul McCartney fez a mesma coisa, mas como vive vaporizado das maconha 24hs por dia, ao menos ele tem uma desculpa e pode dizer que esqueceu, embora já não se lembre exatamente do quê.

Calculando pelos 27 anos juntos com Melinda, o enforcamento se deu por volta de 1994. Nessa época a Microsoft já tinha esmagado a IBM, revolucionado o mundo com o mercado de PCs, e Gates era o pato depenável mais fucking lindo das galáxias. É óbvio, portanto, que Melinda casou com o Melindo por amor, amor puro, sincero e desinteressado, daqueles que só uma mulher apaixonada, independente, empoderada e com opinião formada sobre tudo pode dar a você.

Justiça seja feita, naquela época a Internet não havia se firmado como fenômeno de massa. Para ler seus e-mails tinha que usar modem em linha discada. Só para conseguir conexão levava vários minutos, e a coisa era tão carroça que um simples video desses que assistimos em tempo real no YouTube levava literalmente semanas para baixar. Tempo real, aliás, já é um termo dinossáurico que ninguém mais faz a mínima ideia do que significa. 

Como na época não havia redes sociais, o lugar para obter informações sobre mulheres era a mesa do bar, onde meninos trocavam entre si dados escassos e de procedência duvidosa que ouviam da rádio Disque-Disse sobre como as meninas são, de onde vieram, do que se alimentam, do que são capazes, o que elas querem e o que estão pensando. Nada desse ambiente tóxico, fofoqueiro, confuso e especulativo, com intermináveis discussões sobre o sexo dos anjos é necessário hoje. Para o pirralho millennial vivendo na era da informação em tempo surreal, basta acessar a rede e ouvir da bocadelas o que de fato é, não o que se especula que talvez quiçá por ventura ou acaso seja.

Mas por que meninas se sentem confortáveis publicando nas redes certas coisas sem medo de desaprovação pública, sem medo de prejudicar a própria "carreira" entregando de mão beijada a informação de que cata homem calculando o quanto poderá arrancar dele após o divórcio? É tudo uma questão de oferta e demanda. Onde não há otários, os espertos não se criam. Para cada biscateira pensando na pensão antes de casar, há um pagador de boletos que vai dar a senha do home banking em troca da chance de se enforcar, e depois que se enforcar ainda vai dar risada pensando sobre o quanto é bom tomar no ânus por causa de pepeca. 

Esses indivíduos existem, são muitos, e a esmagadora maioria deles não vale um centavo de acordo com a cotação dada pelas meninas. São organizados, e não só protegem ferozmente seu direito de ter acesso à própria corda, como exigem que outros se enforquem junto, já que chifrudos precisam de outros chifrudos para não se sentirem chifrados, sozinhos e invalidados. Todo gado precisa pastar com o rebanho para se sentir seguro de que pastar é o que deveria estar fazendo, a ação bela e moral capaz de catapultá-lo para o topo do ranking da escala Gado Depenado Master de Valor.

Isso me lembra que uma das maneiras de entender a mulher média é entender o homem médio e depois inverter a entendida. É um raciocínio simples do tipo chave e fechadura, metade da laranja, sol e lua, Yin e Yang e vice-versa. Onde há biscateiras, há patos. Onde há parasitas, há hospedeiros. Onde há vaqueiras, há boiada. Essa é a terceira e certeira lei de Nílton: para todo bagulho há um outro bagulho de igual intensidade, mas de treco contrário.

Em tempo: Bill Gates anunciou há muito tempo que não iria deixar sua fortuna para os filhos, pois considerava abjeta a ideia de que alguém deveria ter acesso a todo aquele dinheiro sem ter trabalhado para merecê-lo. Metade da sua abjeta fortuna agora irá para alguém com quem não tem laços sanguíneos e não trabalhou para merecê-la. E é por isso que o patriarcado tem que acabar.


Xerecard - uma manada de chifrudos, vaga na Forbes mais 50% das ações da Microsoft de vantagens. 

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