ASKING FOR IT
Um dos dramas comuns da crítica humorista feminista é o mesmo dos argumentos feministas: eles se auto-refutam. Em um vídeo da BBC¹ criado para zoar com a ideia de que mulheres estão "pedindo" por causa da roupa que vestem, há várias mulheres com roupas que supostamente sinalizam coisas esperando receber o que a indumentária pede.
No video, uma mulher com terno em uma reunião espera uma promoção, pois é o que o seu terno está pedindo. Outra no trabalho vestida com maiô e chapéu de praia espera poder sair para um feriado no meio do expediente, pois é o que sua roupa pede, e outra no restaurante com guardanapo no pescoço pega a bandeja do homem sentado à frente na mesa pois sua roupa está pedindo por uma refeição.
Há outras mulheres com roupas diversas que pedem coisas diferentes no video, mas o humor seria ininteligível sem a existência precisamente daquilo que se pretende negar: que a vestimenta é uma linguagem que usamos para transmitir informação. Uma mulher vestida de médica em um hospital está literalmente pedindo para que alguém transitando pelo lugar solicite sua assistência de profissional da medicina. Se estivesse vestida de faxineira estaria pedindo para que alguém solicitasse uma limpeza no local onde fosse necessário.
Na hamburgueria, uma mulher vestida de garçonete está pedindo para receber pedidos de cheeseburger dos clientes. Na rua uma mulher vestida de policial está pedindo para receber pedidos de ajuda com ocorrências policiais. Mas e se a mulher estiver vestida de p00t@, que espécie de coisa ela está pedindo? Para feministas, isso é um mistério. Mais misterioso ainda é o preço, que você nunca vai descobrir se não perguntar, e mesmo que pergunte não adianta muito, pois pode haver custos embutidos nas letras miúdas do contrato, então cuidado: o barato pode sair caro. Se for para consumir qualquer coisa que é grátis mas custa caro, prefira investir seu dinheiro em profissionais capacitadas, que trabalhem em estabelecimentos credenciados especificamente para intermediar a negociação de commodities no mercado de bacalhau.
Claro que feministas vão protestar e dizer que não existe isso de roupa de p00t@, nem muito menos p00t@. A revolução sexual foi pra isso mesmo, dar liberdade a toda mulher para se comportar como p00t@ sem ficar com fama de p00t@. Se o objetivo da revolução sexual e de costumes é proteger, liberar, emancipar e livrar do preconceito todas as mulheres, inclusive as p00t@s, então isso tem que valer para homens também, incluindo os clientes das p00t@s.
Se está liberado roupa de p00t@ porque não existe mais isso de roupa de p00t@, então está liberado abordar qualquer mulher e perguntar quanto é o quilo do bacalhau, agindo como cliente de p00t@ sem ficar com fama de cliente de p00t@. Se mulher pode fazer qualquer coisa sem ser rotulada de p00t@, homens também têm que poder fazer qualquer coisa sem ser rotulados de salva p00t@ ou cliente de p00t@, já que esse negócio de p00t@ é um conceito machista ultrapassado que não se aplica mais na cultura atual.
O fato é que discutir sobre essa p00t@ria é tarefa obsoleta, pois nenhum homem acha que mulheres estão pedindo por causa do estilo de roupa que usam. O que na verdade eles acham é que toda mulher está pedindo, independente do tipo de roupa, e não adianta tentar enganá-los fazendo cara de santinha do tico oco pois eles sabem muito bem o que as meninas andam aprontando por aí no escurinho do cinema. Eles sabem que as meninas estão pedindo pois estar pedindo após a revolução sexual não é um estado de espírito, uma pose ou uma roupa, é só um questionário: quem, quando, e como. Em todas as vezes em que eu fui o quem certo, na hora certa e fiz a coisa certa, as meninas me olharam com cara de que estão pedindo. Elas até tentam disfarçar, mas isso é inútil. A mim não enganam, nunca enganaram e nunca vão enganar.
Mas como um homem sabe que ele é o quem quando como certo? Isso é simples. É só lançar mão da técnica de leitura a frio de Rolané, muito usada por videntes e cartomantes. O sujeito trava em uma mulher aleatória, que pode estar vestida de qualquer maneira e exibindo qualquer tipo de comportamento, e chega junto para investigar o que está rolando. Como homens não são telepatas, não têm como saber o que rola antes de rolar, mas vai que rola, né?
O importante, acima de tudo, é ter em mente que não é porque sua roupa pede alguma coisa que os meninos estão obrigados a dar coisa alguma só porque a mulher está pedindo. Respeitar o consentimento dos outros é importante, então lembrem-se, meninos: não é não, sim é sim e talvez é hasta la vista, baby sugar. Entregue seu piu-piu apenas para aquelas que pedem com jeitinho.