A Batalha Ideológica pelo Controle do Bucetão

 

O TCC de Tamiris Coutinho¹ - Cai de boca no meu bucetão: uma análise do funk como potência do empoderamento feminino - está dando o que falar. A questão é que só porque a produção intelectual das Humanas é de baixo nível no Brasil, isso não é desculpa para ficar falando mal de todo TCC de Humanas com tema esquisito que aparece e que você nem leu. Tamiris não é nem socióloga, é relações públicas, e esse título é só jogada de marketing, porque nem tem tanta buceta assim no TCC dela. A tese está que nem a Tamiris: não é grande coisa, mas até que é jeitosinha.

Chega a ser uma tese retrô, vintage. Se você der uma olhada nas modernidades interseccionais decolonizantes pós-estruturalistas que as manas com PhD de Humanas estão aprontando na academia no primeiro mundo, posso garantir que vai arrepiar os cabelos do esfíncter e voltar rebolando um funk, em desespero para cair de boca no bucetão. Aliás, esse negócio de cair de boca é uma atividade salutar. Quem nunca? Eu, particularmente, começo caindo pelo dedo do pé, vou até o zumbigo e volto, que é para não ter perigo de errar o Clinton, porque se não acha essa porcaria de Clinton elas ficam histéricas. Por falar nisso, deve ter muita gente por aí não achando o Clinton, e é por causa desses mocorongos bisonhos que eu tenho que ficar aturando meme de macho que não acha o Clinton nas redes sociais. Ultimamente não tenho visto muito esse meme, então acho que os bisonhos finalmente conseguiram achar o sininho. E é pra isso que precisamos de feminismo. Segue a luta, manas!

O drama é que não adianta achar o Clinton e depois ir dar pitaco furado no TCC da Tamiris, dizer que ela está disseminando ideias frankfurtianas. Gente que acredita em teoria da conspiração gramsciana não tem moral para criticar o baixo nível da produção intelectual no Brasil. Segundo essa teoria conspiratória, o plano é infiltrar-se na academia e ensinar os universitários a liberar a buceta, dar o cu e fumar maconha. Uma vez que a moral burguesa estiver destruída, das cinzas do apocalipse emergiria um mundo comunista, igualitário, solidário, anárquico, sem classes, sem exploração do proletariado, sem propriedade privada, e, mais importante, com buceta liberada.

Queridos, o pessoal já está liberando a buceta, dando o cu e fumando maconha adoidado em tudo que é lugar direto. A moral burguesa já está sem moral há muito tempo, o Keith Richards cheirou as cinzas do apocalipse e nem sinal de comunismo ainda. Esse pessoal da teoria da conspiração gramsciana não são aqueles que de dia defendem a família tradicional burguesa, e na calada da noite saem escondidos dar o cu pra vevecchio? Pois então. Tá neoliberalizando a rosca pros vevecchio na camufla toda terça-feira e continua passando pano pra ditadura do grande capital. Falhou a sua revolução gramsciana, mano.

E depois, explica pra mim como é que eu vou explicar essa tal de Escola de Frankfurt para as radfeministinhas, que são todas marxistas e juram de pé junto que essa tal de liberação adoidada de buceta é um plano maligno do patriarcado capitalista para oprimir as mulheres. Segundo a teoria da conspiração delas, o Adam Smith passa sua mão invisível na pepeca das meninas e buceta vira uma commodity cujos preços flutuam de acordo com o assédio das leis de mercado. Grab them by the pussy. Do you know what I mean, Minduin?

A diferença entre a teoria da conspiração gramsciana e a teoria da conspiração das radfem é que a teoria das radfem está funcionando. Graças à competência da iniciativa privada e a mágica do liberalismo econômico, nunca esteve tão barato o quilo do bacalhau. Entra no OnlyFans e qualquer 100 reáu tá levando um pack de buceta. Entra no X-Videos e você vê buceta grátis. Instala um app de tele-xereca no celular e é só escolher o modelo, pagar um sushi que come. E o que é que os bonitos estão fazendo enquanto as radfems choram a comoditização da buceta patrocinada pelo patriarcado capitalista? Falando mal de quem cai de boca no bucetão enquanto dão o cu escondido pros vevecchio. Ora, me poupe. Se poupe. Nos poupe. E que Frida nos elimine.  

Como podemos ver, estamos vivendo uma furiosa e histérica batalha ideológica pelo domínio moral da buceta. O que liberar, regular, precificar, ralar, negociar, socializar, taxar, agenciar, capitalizar, esconder, mostrar ou cair de boca no bucetão têm a ver com política e sistemas socioeconômicos eu não sei, só o que eu sei é que tem rastro de buceta por tudo nessa suruba, porque só o que sabem é falar de buceta o tempo inteiro. É uma neurose coletiva com essa tal de buceta que nem Freud explica.

Pensando bem, acho até que isso é normal. Humanos têm sido animais bucetívoros desde antes do surgimento do Homo Sapiens. Não fosse por nosso exacerbado interesse em buceta, com certeza não estaríamos aqui. Uma breve análise da nossa história revela que passamos por vários ciclos de buceta liberada e buceta recatada, buceta barroca e buceta romântica, buceta abundante e buceta racionada, buceta clássica e buceta pop. O que o futuro reserva para a buceta eu não sei, só o que eu sei é que o assunto vai continuar sendo o que sempre foi: o bucetão. 


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