Superflex

 


A ciência de gênero está sempre avançando, então a última novidade que está sendo bastante comentada é o superstraight, que em tradução livre para o brazuquês seria o superhetero. No passado foi extensamente discutida a questão da orientação sexual de homens que transam com mulheres trans. Ao se declarar hetero por estar transando com uma mulher trans, você é homofóbico, pois negou-se a ser gay. Caso decida ser gay por estar transando com ume menine com pênis feminino, você é transfóbico. Essa discussão surgiu natimorta, já que qualquer um que entenda de hierarquia vitimológica LGBTQ+ já estava em condições de prever que o veredito seria transfobia. Quem transa com mulher trans, que é do gênero feminino, é hetero, portanto se você se declara gay ao transar com mulher trans ou não quer transar com mulher trans só porque ela tem um pênis feminino, você é transfóbico.

Evidente que ninguém sequer suspeitava que vários paradoxos problemáticos iriam surgir desse veredito. De imediato temos cura gay, já que se um homossexual sentar na giromba de uma mulher trans, imediatamente ele vai virar hetero, portanto está curado. Como sabemos, não há cura para o que não é doença, então algo tinha que ser feito com urgência. Surgiu então o superhetero, supergay e superlésbica, novas orientações fabricadas sob demanda para reconhecer a identidade daqueles que não são homofóbicos nem transfóbicos, mas tem suas preferências orientadas apenas para parceires cis. Se sua orientação é transar somente com pessoes cis, você é superhetero, o mais novo membro da inclusiva comunidade LGBTQSS+. Chorem superheterofóbicos da sociedade LGBTQ+ conservadora!

Ocorre que existe uma orientação já identificada antes disso, o heteroflex, também conhecido como broderagem. De acordo com o terapeuta sexual Dr Joe Kort¹, homens que transam com homens podem continuar heteros. O truque consiste em separar orientação romântica da sexual, então para saber se você é heteroflex, basta transar com um brother. Se você não se apaixonar, então é um heteroflex. No caso da paixão bater, aí você é gay mesmo. Desconfiei desde o princípio. 

A separação da orientação sexual da romântica tem base teórica substancial. Camille Paglia, por exemplo, se declara lésbica, mas embora transe com homens, não se apaixona por eles. Paglia é uma lesboflex, já que transar com homens não fere sua lesbianidade.  Da superheterossexualidade combinada com a heteroflexidade, imediatamente surge uma nova orientação: a superflexidade. Se você é um superhetero que não senta em giromba de menine, mas consegue sentar na giromba do seu brother sem se apaixonar, você é superflex.

Como não há nada que já não seja impossível de entender que não possa ficar mais impossível de entender ainda, informo que o superflex vai fabricar uma nova treta tsunâmica avassaladora. Como foi estabelecida a separação entre orientação romântica e sexual, é perfeitamente possível a um superhetero transar com uma mulher trans sem deixar de ser superhetero. Para tanto, basta que ele não se apaixone pela giromba de menine dela, pois transisteragem não fere a sua superheterossexualidade. Isso significa que se você se descobriu superhetero, mas nega-se a transar com mulheres trans pois tem medo de se apaixonar, você não passa de um hetero enrustido, ou seja, um homofóbico escroto e machista. 



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