Palmita Desbotada

 
Há certas pessoas que vale a pena acompanhar pois elas são um modelo, uma referência. No caso de Giovana Fagundes, ela é um modelo sobre como não pensar, já que pensar definitivamente não é o talento de Giovana. Em seu video de pseudoanálise¹ sobre dinâmica racial, Fagundes já inicia cometendo suicídio intelectual ao sugerir que tudo que pensamos é aprendido, mero resultado do contexto social em que estamos inseridos, portanto é inválido e deve ser desconstruído. A única coisa que conseguiu desconstruir com essa brilhante observação inaugural é o próprio cérebro, o objeto de desconstrução do desconstruidor em sua jornada rumo à acefalia induzida por intoxicação ideológica. 

Sim, a maioria das coisas que sabemos nos foi ensinada, é fruto do nosso contexto social e cultural. O problema é que isso não é prova de que estão erradas. Se um papagaio diz que 2+2=4, isso só ocorreu em razão do contexto em que o Currupaco está inserido. Na selva ele nunca falaria isso, mas como algum humano mala o ensinou, ele vai repetir. Não é porque o papagaio repete isso feito papagaio, entretanto, que sua aritmética está incorreta. Quando o papagaio diz que 2+2=4, dá biscoito pra ele, pois o louro está tapado de razão. Tapado é o indivíduo que acha que 2+2=5 porque o papagaio está papagaiando coisas em razão do seu contexto social. Mais tapado ainda é o jumento que acha que o socialmente aprendido está errado para em seguida papagaiar jumentices que só estão na sua boca em razão do eco existente no interior da bolha de confirmação social em que está inserido. 

Fagundes nos lembra que a verdade não é o que nos ensinaram, mas aquilo que querem que você reproduza, razão pela qual segue repetindo verdades que ensinaram a ela porque querem que ela reproduza. A verdade que ensinaram para Gio é que o racismo está em camadas muito profundas e sutis. Não pode não estar pois está em tudo que escutamos, vemos e aprendemos. Isso ocorre pois tudo à nossa volta é uma visão eurocêntrica, a ideia de que o que é bom, legal e bonito é o que vem da Europa. Mas quem fabricou essa ideia estruturalista de que o racismo está até no ar que respiramos em razão de nossa herança europeia opressora? Certamente nenhum pensador do continente Africano. Essa lorota foi produzida e disseminada por pensadores eurocêntricos de pele desbotada da elite econômica e intelectual do Ocidente.

Nesse momento eu parei de contar. Essa análise stand-up não foi suicídio intelectual, mas polisuicídio intelectual estrutural. A vontade de corroer o próprio cérebro está na estrutura do cérebro de Fagundes, entranhada em camadas muito profundas e sutis, onde é invisível para os que não aprenderam a vê-la. Caso você esteja vendo alguma coisa que se aproveite no cérebro de Fagundes, isso é só resultado de doutrinação social. Alguém tem que desconstruí-lo e ensinar você a ver que não há nada a ser visto na caixolinha da Gio, uma europiriguete palmito que exala privilégios raciais, econômicos e sexuais, uma falastrona que não tem lugar de fala para falar sobre lugar de fala. 

O harakiri apoteótico ficou por conta da sua tentativa de descontrução do episódio de “racismo reverso” entre as big brothers Lumena e Carla Diaz, onde ela conseguiu provar que não é possível ser racista contra negros. Lumena afirmou que Carla está cagada na merda da branquitude, mas, segundo Fagundes, isso não é racismo pois Carla nunca na sua vida inteira sofreu qualquer trauma psicológico em razão de racismo. Carla chorou e sofreu trauma significativo ao ser apunhalada pelas costas com a branquitude de merda usada por Lumena para excluí-la, mas como foi a primeira vez, não conta nem nunca vai contar, caso se repita

Ocorre que nenhum negro veio do útero tendo experimentado qualquer trauma em razão de racismo. Isso vai ter que ocorrer uma primeira vez na vida, mas como vai ser a primeira vez na sua vida inteira, não conta nem nunca vai contar, caso se repita. Como podemos ver, racismo, de acordo do o critério fornecido pelo raciocínio palmitocêntrico eurocentrista de Fagundes, não existe contra brancos, negros, pardos, amarelos, vermelhos ou qualquer outra cor. Brilhante. Gio é um fenômeno de desconstrução, um modelo de referência que podemos usar para entender os efeitos do palmitocentrismo estrutural euroretardado que está por tudo, até nas camadas mais profundas e sutis, onde somente os que aprenderam a ver conseguem enxergar o que é invisível.

Mas a vida é muito bôua, né geintch?

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