Quantos Banheiros são necessários para mudar o Clima?


Se dividirmos 125 gêneros por três banheiros, quanta mudança no clima nós teremos? Hummm... esse é aquele momento tenso na aula de biologia onde o aluno é forçado a confrontar a dura realidade. Não importa quantos gêneros você invente. No frigir dos bagos, só existem dois tipos de banheiros, e não há força da natureza que vá fazer humanos inventarem a necessidade de mais banheiros além do masculino e feminino.

Transgênero, para os desavisados, não é gênero. Você pode argumentar que uma mulher trans deve frequentar o banheiro feminino pois seu gênero é o feminino ou pode argumentar que deve frequentar o masculino em razão do seu sexo biológico, mas não pode argumentar que devemos criar um terceiro banheiro para mulheres trans. Se você acha que gênero é uma ficção, perdeu o direito de proibir a mulher trans de frequentar o banheiro masculino. Já se você quer lacrar e dizer que sexo biológico é uma ficção, então perdeu o direito de proibir a mulher trans de frequentar o banheiro feminino. 

Você pode argumentar que gênero ou sexo são ficções, que nenhum dos dois é uma ficção, mas não pode argumentar que os dois são ficções. Se tudo que possuímos para descrever um indivíduo é uma ficção, então qualquer definição que você usa para referir-se a gênero ou construir conceitos sobre o assunto é uma ficção, e pode ser descartada com a mesma segurança com a qual descartamos histórias sobre Papai Noel.

Aliás, até mesmo ficções precisam de um substrato coletivo sólido para existir, portanto não podem ser impunemente adulteradas por decisões arbitrárias de indivíduos isolados. O Papai Noel que tira foto com crianças no shopping não é o Papai Noel de verdade, mas é necessário existir um homem de verdade fantasiado que represente uma fábula que possua existência concreta na cultura para que aquela encenação faça sentido. O Papai Noel do shopping não pode dizer às crianças que ele é o Batman, um alienígena superforte e invulnerável que veio do planeta Krypton. Até ficções possuem regras. Se Papai Noel, além de ser uma ficção, pode ser o que você quiser, então isso que você quer que ele seja não interessa à coletividade. Ninguém é obrigado a aceitar sua versão do Papai Noel.

Papai Noel é uma construção social coletiva que independe da aceitação isolada de indivíduos dentro dessa coletividade para ser uma entidade com significado. O caminho contrário é impossível. Não existe coisa com significado coletivo que depende do indivíduo para existir e que existe independente da aceitação da coletividade. Tal coisa não pertence nem mesmo ao terreno da ficção. É uma entidade que existe apenas no universo das caraminholas que estão dentro da sua cabeça. 

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