Luiz Felipe Pondé volta e meia critica feminismo, mas é uma crítica light, que nunca vai direto ao ponto. Pondé, temos que reconhecer, é um manginão. Mesmo em suas críticas há por trás um claro desejo de exaltar mulheres, retratá-las como um ser etéreo, uma versão melhorada de homens. Defende com paixão a tese de que mulheres hoje são seres evoluídos e emancipados, enquanto homens são criaturas perdidas e confusas. 

O problema com esse discursinho tosco é que ele tem cerca de 40 anos, talvez mais. Na minha época já era furado, embora eu só fosse descobrir isso muito depois. Minha geração foi a que supostamente inaugurou uma nova era na realidade de gênero. Ao menos como ideal, essa realidade existia. Décadas depois o que podemos observar é que a tal emancipação feminina nunca veio à tona, é marketing puro. Mulheres continuam correndo atrás do homem protetor/provedor que sempre buscaram. O arquétipo do príncipe continua vivo, apenas a linguagem para descrevê-lo mudou. Na realidade, o príncipe hoje está mais aprincesado que antes, já que a lista de virtudes e obrigações exigidas do Mr. Perfeito aumentou de forma catastrófica. Christian Greys já não estão dando conta do recado. Ser príncipe hoje é coisa para Ethan Hunts: Missão Impossível.

O fato é que, ao contrário do que afirma Pondé, mulheres nunca estiveram tão desorientadas quanto hoje. A revolução sexual já é vovó, mas elas continuam reclamando dos mesmos distúrbios sexuais reportados por suas avós. Para aumentar sua desorientação, vivem convencidas de que suas neuras de alcova são causadas por uma cultura patriarcal puritana que existia na era pré-revolução sexual e pré-pílula. Querem viver em um mundo onde são vistas como mulheres puritanas ao mesmo tempo em que se hipersexualizam. Não existe homem que se entrega à putaria alucinada e infidelidade enquanto retém sua imagem de bom candidato a papai, mas na confusão mental da mulher moderna, esse é um dos privilégios masculinos.

A mulher média não entende seus próprios privilégios, não entende a realidade de gênero, não entende sua hipergamia, não entende a dinâmica do mercado sexual e de relacionamentos e vive alheia às contradições produzidas por seus imperativos biológicos e culturais. Não precisam de príncipe para nada, mas demonstram fixação patológica na ideia de que o padrão princesa da sociedade patriarcal aprincesadora é muito opressor enquanto exigem príncipes que só existem em seus mundos de fantasia. 

De quebra, não entendem a realidade masculina. Confundem o que homens querem com o que elas acham que deveriam querer. Crescem acumulando uma série de desvios de personalidade que tornariam um homem repelente para seus amigos. Voam de vassoura, mas acham que homens têm o dever mágico de tolerar sua bruxaria por causa da sua bunda empoleirada, aquilo que, acreditam elas, é o critério que homens usam para determinar o que é uma boa parceira.

Esse tipo de desorientação e desconexão da realidade não é o que enxergo em homens hoje. Essa talvez seja a primeira geração em que homens de fato pararam para raciocinar sobre a realidade de gênero e equacionar sua posição no mundo, e o número de homens dispostos a fazer isso só aumenta. Começaram com atraso, já que isso é coisa que mulheres estão fazendo sozinhas desde a década de 60 do século passado. Fizeram um trabalho sofrível, na minha opinião. Nada que não possa ser corrigido com a ajuda dos novatos, o que coloca as veteranas em polvorosa. Muitas sabem que seu discurso não tem condições de sobreviver a escrutínio de terceiros, razão pela qual se encastelam em suas bolhas de confirmação, onde se ocupam de replicar o eco de suas próprias vozes.

Ser capaz de equacionar sua própria realidade não fornece a homens a capacidade de resolver a equação, infelizmente. Problemática e solucionática são áreas distintas, mas o sucesso da segunda depende da primeira. Observe que nem isso as empoleiradas veteranas conseguiram ainda. Não só não entendem sua problemática como vivem em um mundo ilusório de problemáticas imaginárias.

Pondé se comporta como os personagens do Mágico de Oz. Falta-lhe o cérebro que o Espantalho quer, falta-lhe a coragem que o Leão Covarde busca e não tem a sensibilidade que o Homem de Lata imagina conseguir com o coração que lhe falta. Enfim, está igual às Dorothys, perdidas em um universo fantástico de fantasia empoleirada.

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