Ôzer e o Nada

Foto de cottonbro no Pexels

- O que está fazendo, Ozêr?
- Nada. Sou um nadista profissional.
- Mas nada qualquer um faz. Isso não é profissão.
- Vejo que você é leigo. Fazer nada exige técnica, foco, do contrário você não consegue nada e acaba fazendo alguma coisa.
- Rá! Sou super ocupado. Quanto você cobra para fazer nada por mim?
- Nunca cobro para fazer nada.
- Então pode começar agora mesmo!
- Não posso. Não faço nada pra ninguém.
- Mas se você não cobra nada de ninguém, o que ganha fazendo nada?
- Nada. Seu eu ganhasse alguma coisa, o Conselho dos Nadistas não faz nada e perco minha licença.
- Mas como vai perder a licença se eles não vão fazer nada?
- Como disse, você é leigo. Melhor encerrar a conversa pois ela vai dar em nada.
- Mas nada não é o objetivo?
- Nadistas não tem um objetivo. Você não entende nada do assunto mesmo. Podia te ensinar, mas aí seria fazer algo, o que viola os princípios do Nadismo.
- Não vai fazer nada então? Já sabia.
- Está aprendendo rápido. E nem precisei ensinar nada.
- Você é um talento nato. Parabéns!
- Que nada. Zero porcento dedicação, nada de inspiração. Esse é o segredo dos mestres nadistas para fazer nada.
- Mas você não disse que não ia me ensinar nada? Agora não estou entendendo mais nada.
- Espero que nada tenha ficado claro e que nossa conversa não tenha servido de nada para você. Não que eu estivesse esperando alguma coisa, óbvio. Foi só força de expressão.
- É, não serviu pra nada mesmo. Obrigado. Por nada.
- De nada.

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