O Peso da Versatilidade



Com quase 100kg, acho que finalmente já posso me achar gordo. O legal de ser obeso é que, como membro de uma classe oprimida, você tem certos privilégios, como sempre estar certo, por exemplo. Se alguém contestar o que você diz, é só acusar de gordofobia e correr pra galera pedir um donuts. Não que gordo faça questão de ter razão. As prioridades do gordinho são basicamente duas: emagrecer e comer bem. Não exatamente nessa ordem. Isso também não quer dizer que gordo não quer ter razão nunca. Até quer. Mas entre uma pizza e ter razão, a gente fica com duas pizzas.


Indivíduos rechonchudos valorizam o diálogo, principalmente durante uma boa refeição. Somos também cinéfilos. Nada como ver o último blockbuster acompanhado daquela pipoca grande na manteiga, refrigerante de 750ml e aquele MMs de 200g pra arrematar. Nem precisa mais que isso porque com certeza já jantamos antes da sessão. Turismo? É nóis. Imagine visitar todos aqueles lugares interessantes com suas culinárias típicas, aqueles passeios pelos cafés à tarde para aquela clássica pausa do croissant, pão de queijo e torta de limão, hummm… Literatura? Tenho tudo do Jamie Oliver e do Gordon Ramsay.


A verdade é que nós gordos somos super versáteis. Não é porque não tem nada interessante para comer em casa que a gente não se vira. Pega o resto de feijão e arroz de dois dias atrás, aquelas cebolas que você picou na semana passada e esqueceu em um saquinho no fundo da geladeira, amassa um alho, corta um tomate, joga tudo na frigideira, estrala um ovo em cima e voila, mon chéri! Diversão garantida!

Pena que já estamos em dezembro e essa vida boa vai acabar. Já sabe o que é que eu vou prometer na virada do ano, né? Pois é, o mesmo que prometi nos últimos cinco. Essa é outra faceta dos gordinhos que você provavelmente não conhecia: somos extremamente determinados.

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