Gugu Rage
Parece que a tal de rage é a modinha do momento. O sujeito descobre que o patriarcado é ginocêntrico e surta preto na mandioca. Fica se achando o Neo saindo da Matrix depois de tomar a red pill. Menos, amiguinho. Isso é coisa de soy boy de bolha digital que cresceu vendo o mundo pelo Aifône dentro do seu safe space. No meu tempo merthiolate ardia, não tinha Internétchy nem leite sem lactose. A gente tomava red pill na mamadeira e os black pill saíam na fralda.
Minha primeira red pill forte foi com dois anos, quando descobri que meu pai adulterava meus Danones, o único iogurte que eu aceitava tomar. O mão de vaca colocava Batavo no potinho de Danone porque era mais barato para me tapear. Aquilo foi um choque severo. O mundo não era o que eu pensava ser. Me senti traído. Fiquei revoltado, com raiva. Mais tarde veio a depressão. Meu cocô desregulou, meus brinquedos perderam o sentido. Fiz tratamento com papinha de aveia e mel na chupeta. Fiquei paranoico, inventava várias teorias da conspiração, etc. Um inferno.
Por sorte a gente cresce, e com o tempo vem a maturidade. Aos quatro já era um hominho, então era evidente para mim que eu não podia mais me comportar como um bebezão que não sabe nada da vida. Na creche descobri que havia banheiros separados porque meninos tem piu-piu e meninas tem perereca. Mais uma red pill. Claro que nessa época eu já era um cara com uma certa experiência, então nem fiquei surpreso com mais esse detalhe sobre o universo que um monte de gente sabia, mas ninguém tinha me contado.
Em seguida veio o Papai Noel, Homem do Saco, nunca fiz isso com ninguém antes, mulheres não se importam com pinto pequeno e várias outras red pill. Tirei todas de letra. Essa do pinto pequeno nem teria por que me abalar mesmo, já que o problema não me afeta. Fiz uma cara de revoltado na hora do insight só pra não acharem que eu não tenho empatia com o nanoinfortúnio alheio. Sororidade é fundamental.
Rages na realidade não são uma decepção com os outros, e sim conosco. Cedo ou tarde a vida nos mostra não que o mundo está escondendo algo de nós, e sim que não possuímos os dados sobre a realidade que pensávamos ter. Isso é um fato trivial, posto que não somos oniscientes, e sim, arrogantes. Se você tivesse nascido sabendo tudo, nada o chocaria. Cresceria achando tudo normal. Sem revoltas, sem ressentimentos.
Ok, colocaram Batavo no seu Danone. E daí? Come um morango, fera. Os morangos nunca mentem. Cuidado, porém, com os abacates. Jamais confie em um bagulho cujo caroço é maior que a fruta.
Por sorte a gente cresce, e com o tempo vem a maturidade. Aos quatro já era um hominho, então era evidente para mim que eu não podia mais me comportar como um bebezão que não sabe nada da vida. Na creche descobri que havia banheiros separados porque meninos tem piu-piu e meninas tem perereca. Mais uma red pill. Claro que nessa época eu já era um cara com uma certa experiência, então nem fiquei surpreso com mais esse detalhe sobre o universo que um monte de gente sabia, mas ninguém tinha me contado.
Em seguida veio o Papai Noel, Homem do Saco, nunca fiz isso com ninguém antes, mulheres não se importam com pinto pequeno e várias outras red pill. Tirei todas de letra. Essa do pinto pequeno nem teria por que me abalar mesmo, já que o problema não me afeta. Fiz uma cara de revoltado na hora do insight só pra não acharem que eu não tenho empatia com o nanoinfortúnio alheio. Sororidade é fundamental.
Rages na realidade não são uma decepção com os outros, e sim conosco. Cedo ou tarde a vida nos mostra não que o mundo está escondendo algo de nós, e sim que não possuímos os dados sobre a realidade que pensávamos ter. Isso é um fato trivial, posto que não somos oniscientes, e sim, arrogantes. Se você tivesse nascido sabendo tudo, nada o chocaria. Cresceria achando tudo normal. Sem revoltas, sem ressentimentos.
Ok, colocaram Batavo no seu Danone. E daí? Come um morango, fera. Os morangos nunca mentem. Cuidado, porém, com os abacates. Jamais confie em um bagulho cujo caroço é maior que a fruta.